domingo, 28 de outubro de 2012

Mas para Onde?

A procura foi longa, e nos tomou anos. Sem querer desanimar e tentando manter a proximidade com a família começamos nossa busca dentro do país mesmo, passando por São Paulo por 2 anos e agora estamos no Rio já há quase 3 anos, viajamos para conhecer cidades novas, e nada... A gente só conseguia constatar aquilo que já sabíamos desde o começo, que as queixas e os problemas geralmente são os mesmos e estão presentes em todas elas, umas mais outras menos, mas estão lá. Daí não teve outro jeito mesmo, foi quando resolvemos encarar que era a hora de sair do Brasil e levar a diante um plano que já tínhamos há algum tempo mas nos faltava coragem. É claro que até escolher o país pra onde iríamos fizemos uma loooonga pesquisa. Ele teria que ter alguns pontos específicos que estávamos procurando, como clima agradável durante pelo menos alguma época do ano, uma economia estável mas crescente onde provavelmente seria mais fácil arrumar emprego, educação, saúde, segurança e qualidade de vida boas, onde a área que o marido mais gosta dentro da profissão dele estivesse bem presente e claro, que existisse um processo de migração que nos fosse favorável, não bastava a gente querer o país, ele tinha que nos querer também. Acabamos fazendo um recorte que incluíam vários países da Europa inclusive os mais ao norte, América do Norte e Austrália, inclusive durante esse tempo eu acabei indo fazer, intercâmbio na Alemanha e o marido que desde o começo veio com a ideia do Canadá, foi pra Montreal. E fomos por eliminatória, por uns ou por outros motivos fomos descartando e acabamos ficando entre Canadá e Austrália, que acabou sendo cortada também porque além do processo de migração do Canadá ser melhor, Afe Maria como é longe aquele lugar! Já decididos pelo Canadá optamos pelo processo de Québec, que atendia mais aos nossos requisitos e que atendíamos mais os requisitos deles do que o processo federal. 
O marido já estudava francês e a profissão dele era bem quista lá, daí demos entrada no Processo com ele sendo o principal e desde então estamos aqui, sofreeeendo com essa demora e loucos para resolver logo tudo isso pra finalmente dar prosseguimento às nossas vidas.
 Ai, como o tempo se arrasta!

Tereza


quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Motivos


Nos conhecemos em 2005 e entre tantas coincidências havia o desejo em comum de morar fora do país. Conhecer outra realidade, descobrir lugares novos, aprender outras línguas …
A verdade é que estávamos insatisfeitos com o que tínhamos aqui e queríamos ver como era lá fora.
Adoro minha cidade e meu povo, acho a cultura linda e indiscutivelmente riquíssima. O marido sempre sentiu muita falta de lá, da comida, da família, dos amigos de infância, de conhecer as ruas, da familiaridade com tudo, mas nunca conseguimos nos conformar com a forma como as coisas são feitas. Recife é uma cidade absurdamente quente, com sistema de transporte público ineficiente que de uns anos pra cá deixou acumular tanto a quantidade de carros que agora tem congestionamentos enormes, nunca vistos antes por lá. Em toda a cidade temos só dois parques públicos e tirando a praia, que agora tem tubarões, não existe nenhuma outra opção gratuita de lazer além de Shopping (se é que dá pra considerar isso como gratuito). A violência cresce cada vez mais e os preços e impostos também, e esses são só alguns exemplos, tem muito mais... Agora me diga, como não se questionar? Como não acabar pensando: deve ter algum lugar no mundo melhor que aqui... Algum lugar pra chamar de nosso, não que seja perfeito porque isso não existe, mas que seja melhor. E como não comparar?
Quando a gente amadurece, viaja, sai e conhece o mundo, fica tão mais complicado de se conformar e encarar a falta, falta de saúde pública comum e decente, de escola pública de qualidade para todos, de limpeza urbana, de organização e de tantas outras coisas e de fatores que é quase impossível fechar os olhos e dizer que está tudo bem. Quando vira normal escutar que fulano foi morto durante um assalto, ter que andar o tempo todo atracada com a bolsa, não poder andar tranquilo na rua, que a mensalidade da escola do seu filho vai passar dos 2 mil Reais enquanto o salário mínimo não chega aos R$ 700,00 e saber que tem muita gente que tem que viver só disso enquanto tem tantos outros que, com uma rotina de trabalho normal, ganha mais do que 25 mil/mês, que as pessoas estão morrendo nas filas dos hospitais esperando tratamento, que político corrupto é o padrão e que diferente é ser honesto, escutar que o morro de não sei onde desabou e morreram mais de 50 e que vamos lá todos felizes porque esse ano inaugura mais um shopping! Meu Deus, o que é isso?! As pessoas não estão vendo? Não estão sentindo? Ou é só a gente?
Desde pequena escuto falar "o Brasil é o país do futuro". Não duvido, deve ser mesmo, potencial a gente tem, e muito. Mas esse futuro ainda não chegou na geração dos meus pais, na minha, e duvido muito que chegue na dos meus filhos ou dos meus netos. Até lá é muita coisa ainda pra fazer, pra engolir e se o próprio povo acha que os fatores ruins são os esperados, quando é que isso vai acontecer?

Não estou dizendo que não temos nada de bom, temos uma alegria natural e esperança diante de tantos momentos difíceis, a simpatia, a humanidade, a solidariedade, são coisas que guardo comigo e das quais me orgulho em dizer que sou brasileira. As nossas belezas naturais, nosso país é lindo, variado e eclético em todos seus aspectos. Mesmo com os absurdos que vemos por aí ainda somos referência em aceitação, em miscigenação e esses são valores que pretendo repassar aos meus filhos, independente de localização. Mas quando tudo isso acaba ficando escondido atrás de tanta coisa ruim, fica difícil de ignorar.
Chega, cansamos. Esse é o nosso protesto, estamos indo embora. Não é isso que queremos pra nós, não é aqui que queremos ter filhos. Aliás, se dependesse da gente colocava todo mundo, pai, mãe, irmãos, avós, toda a família, todos os amigos, cachorro, num mesmo avião e íamos todos juntos para algum outro lugar! Ah se isso fosse possível...

O nosso problema na verdade era: mas pra onde? E fomos pesquisar.
Tereza

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Primeiro Post



Primeiro post de blog é sempre complicado. A gente não tem intimidade com a nova ferramenta nem com o tipo de linguagem que optamos por adotar, a cabeça está cheia de ideias, mas cadê colocar isso tudo no papel (ou melhor, na tela)...
Acho que o principal objetivo aqui é repassar pra quem estiver interessado, incluindo nesse grupo família e amigos, as nossas experiências e vivências e por que não, deixar também um registro às nossas futuras gerações.

Desde pequena escuto minha mãe, avó e tios contando como foi a chegada da nossa família no Brasil. Ficava imaginando os meus bisavós atravessando o atlântico de navio rumo a um país novo, imenso e com uma quantidade de informações sobre como seria a nova vida deles aqui ínfima se comparada às que temos nos dias de hoje com a internet e a globalização. Acho que todos nós gostaríamos muito de poder ler algum relato deles.
Hoje, de certa forma, me sinto fazendo a mesma coisa, deixando nosso país, nossa zona de conforto, emprego, família e amigos e tudo que já temos pra trás em busca de uma vida não melhor, mas diferente.
No mais é como o marido diz, se vamos tentar que seja agora. Somos jovens, ainda sem filhos e com saúde. Se é pra arriscar a hora é essa, porque se caso alguma coisa der errado no meio do caminho, ainda dá tempo de mudar de ideia, voltar e recomeçar.
Então vamos lá, mais do que nunca o momento se aproxima!
Tereza