Para
aqueles que não sabem minha primeira formação foi em Geografia e
depois das últimas movimentações com tanta gente se perguntando oh
céus, oh terra, andei pensando que seria legal dar pelo menos um
leve esclarecimento sobre tudo isso. Afinal, o que são Terremotos e
por que acontecem? É possível prevê-los? E por que acontecem no
Canadá?
O
texto ficou meio grande mas não dá pra resumir mais do que isso sem
que perca o sentido. As imagens peguei emprestadas no Google mesmo.
Espero que gostem.
Acho
que esse começo todo mundo lembra da época do colégio: o interior
do Planeta Terra pode ser dividido entre núcleo (a parte mais
interna de altíssimas temperaturas), manto (região intermediária
composta por magma) e crosta (parte mais externa e por isso mais
fria e bem fina se comparada às demais).
É
a Crosta que fica em contato direto com o ar e a água e é nela que
ficam os oceanos, continentes, ilhas...
Eu
sei que deve ser difícil imaginar o quão fina e de certa forma
delicada ela é mas essa visualização é importante pra que a gente
possa entender como acontece todo o resto.
Acho
que uma associação tosca mas válida da estrutura da Terra pode ser
feita lembrando da estrutura de um ovo de galinha. Se definirmos que
a gema é equivalente ao núcleo, a clara, ao o manto e a casca, a
crosta, já dá pra ter uma ideia das diferenças de proporção
entre uma coisa e outra. Do mesmo jeito que a casca do ovo é bem
fina se comparada ao resto de sua massa, a crosta de Terra também
pode ser uma estrutura frágil se comparada a todo o resto de sua
massa e ao poder que ela tem de se movimentar.
Costumamos
dizer que o planeta é vivo, pois ele se movimenta independente de
nossa vontade e por isso está em mutação constante. Exemplo disso
são as massas de ar, ondas do oceano, dunas de areia, ciclo da maré
e claro, como essa movimentação acontece também em seu interior,
terremotos.
O
movimento de convecção está presente em nossas vidas
constantemente mesmo que não percebamos. Quando se tem uma região
mais quente e outra mais fria aquilo que está entre uma coisa em
outra tende a se movimentar buscando o equilíbrio, e quando a coisa
não se reconfigura isso pode continuar indefinidamente.
Oi? Calma que eu explico!
Oi? Calma que eu explico!
Imagina
o ar condicionado do quarto da gente. Porque que ele deve sempre
ficar no alto? Porque o ar frio é pesado e desce, correto? Mas e o
ar quente que já estava no chão, vai pra onde? O ar quente é leve,
então quando o ar frio desce ele expulsa o quente para o alto e essa
movimentação entre ares vai continuar até que o aparelho seja
desligado.
A
mesma coisa acontece dentro da geladeira, do forno, de uma panela com
água para ferver. Acontece também na atmosfera, quando a gente vê
no jornal a moça do tempo dizer ”uma massa de ar frio/quente está
chegando”, pra onde foi a que estava ali antes? Os movimentos são
cíclicos e constantes.
E
claro, acontece no interior da Terra, com o núcleo irradiando calor
e a crosta estando mais fria, aquilo que está no meio, o manto se
movimenta.
Até
aí tudo certo... Mas o que é que tenho eu a ver com tudo isso?
O
problema é que a crosta por ser tão fina e frágil tem rachaduras,
sendo na verdade composta por vários pedaços independentes chamados
de Placas Tectônicas. Então, quando o movimento de convecção
acontece, é como se as partes da casca de ovo, as Placas,
“dançassem” sobre o manto, uma querendo ir para cada lado. E
quando esse movimento acontece, por algum motivo, de forma mais
brusca ou quando as partes das Placas Tectônicas estão querendo se
acomodar melhor, acontece o terremoto.
Acho
que a imagem é auto explicativa mas vale ressaltar que tudo aquilo
que fica no interior de uma Placa tende a ter mais estabilidade,
diminuindo drasticamente a probabilidade de terremotos. Por outro
lado, tudo o que fica nos extremos tende a sentir mais essa
movimentação porque é lá onde a ação realmente acontece.
Portanto, a localização de um país dentro de sua Placa pode ser
determinante para a incidência de abalos sísmicos naquele local.
Basta
observar a localização do Brasil em sua Placa, a Sul-Americana,
como o nosso país fica em uma região central, a probabilidade de
sentirmos um Terremoto por esse motivo é bem baixa, em compensação
os nossos vizinhos chilenos já passaram por maus bocados incluindo o
risco mais recente de erupção vulcânica no ano passado.
Observem
também a posição do Canadá e dos Estados Unidos em sua Placa
Norte-Americana, depois de tudo que já falei não é muito difícil
tirar algumas conclusões, né?
Acho
importante falar também sobre a intensidade e frequência dos
Terremotos.
Já
vimos que dependendo da posição de um determinado local em sua
Placa também vamos acabar observando fenômenos sísmicos com mais
incidência. O maior exemplo de tudo isso é o caso do Japão. O
Japão é um ilha vulcânica e que pela constante liberação de lava
em sua região está sempre em crescimento. Claro que não vai ganhar
quilômetros de extensão da noite para o dia, pelo menos não tem
sido esse o padrão, tá mais para milímetros ou centímetros por
ano. Mas o fato é que é uma região completamente instável que
sofre com terremotos diariamente.
Então
porque é que a gente não vê uma tragédia atrás da outra lá?
Anos
e anos de experiência e muita tecnologia. A engenharia foi
desenvolvida para reforçar as estruturas dos prédios, instalando
verdadeiros macacos hidráulicos e mega molas em suas bases para
compensar as oscilações que sofrem constantemente, ensinar a
população como agir e o que fazer ou não fazer dentro de uma
situação dessas, dentro de casa, dos escritórios das escolas. Por
ser um fenômeno tão comum lá, as coisas já são construídas
pensando em sua resistência para aquilo.
E
toda essa preparação era
exatamente o que não se tinha no Haiti em 2010.
A
Escala Richter é a escala responsável por medir a
intensidade dos terremotos. Ela vai e zero à dez, da forma mais
óbvia possível, sendo 10 o grau máximo de destruição.
Eu
encontrei uma tabela no Wikipedia que exemplifica o que pode
acontecer dependendo da intensidade de cada registro, achei ela
coerente. Daí estou colocando aqui também.
Ah!
Vale dizer também que a intensidade vai variar de acordo com a
profundidade do epicentro (mais conhecido como centro do tremor).
É
claro que o estrago vai depender do local onde tudo acontecer, um
terremoto de escala 7 no Japão gera consequências bem diferentes do
que das que foram vistas no Haiti, onde a maior parte da população
é subnutrida, sem instrução necessária, e definitivamente sem
infraestrutura para administrar um caos tão grande quanto o que foi
visto e que infelizmente prossegue até hoje. Diversos prédios
desabaram, e o número de mortes passou dos milhares.
Bom
agora vamos pra parte que no interessa, Canadá.
Tanto
o Canadá quanto os Estados Unidos são países que tem sua extensão
na horizontal, por isso ao mesmo tempo que a parte oeste do país
está bem na divisa da placa, a parte leste fica no centro, já não
tendo tanto o que se preocupar...
Na
região de divisa de placa a gente já viu porque acontecem os
terremotos: são áreas de instabilidade que estão em movimento. O
que significa que terremotos ali são esperados, e a preocupação
deve ser em preparar a cidade e se preparar para quando acontecerem.
Mas se
serve de consolo, o Estados Unidos ainda estão um pouco pior nessa
situação, visto que a Califórnia fica no outro extremo da outra
placa, ou seja, cedo ou tarde haverá um grande terremoto e os
cientistas especulam de a cidade de Los Angeles não vai resistir a
magnitude... Ta bom pra tu?
A
grande questão aí é explicar porque ocorrem também abalos no
extremo leste do Canadá. E a resposta é: ninguém sabe ao certo.
Frustrante, né? Pra não dizer coisa pior.
Talvez
pelo mesmo motivo que desencadeou o abalo de São Paulo em 2008 de
5,2 na Escala ou quem sabe pelo mesma razão que vez por outra tem
terremoto de baixa magnitude em Caruaru, no interior de Pernambuco.
Mas
espera aí! E aquela conversa toda de que o Brasil fica em centro de
Placa e por isso não tem terremoto, onde foi parar?! E isso também
não se aplicaria ao Canadá?
Pois é
meus amigos, mistérios da natureza...
Especula-se
que seja acomodação de terra, reflexos terremotos ao redor ou mesmo
micro placas (sim elas também existem) ou falhas se acomodando.
Nessa
história toda o mais complicado é que, ao contrário de outros fenômenos, eles não podem ser
previstos e não existe atualmente
nenhum tipo de tecnologia que seja capaz de dizer quando estará
vindo algum. É claro que a natureza dá algumas pistas como animais
ficando mais arredios, bichos que vivem em tocas geralmente saem à
superfície, mas nada que seja mais eficiente.
Bom,
é isso. Espero que de alguma forma tenha ajudado a entender como
tudo isso acontece!
Até
a próxima,
Tereza
PS:
Ah, se tiver alguém interessado baixei um aplicativo que se chama
QuakeWatch, custou 0,99 centavos de Dolar mas eu achei bem legal. Ele
atualiza com informações dos últimos terremotos o tempo todos. A
gente se surpreende com quanta coisa tem espalhado pelo mundo a fora
e nem percebe. Achei legal...
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