sábado, 17 de novembro de 2012

Terremotos no Canadá


Para aqueles que não sabem minha primeira formação foi em Geografia e depois das últimas movimentações com tanta gente se perguntando oh céus, oh terra, andei pensando que seria legal dar pelo menos um leve esclarecimento sobre tudo isso. Afinal, o que são Terremotos e por que acontecem? É possível prevê-los? E por que acontecem no Canadá?

O texto ficou meio grande mas não dá pra resumir mais do que isso sem que perca o sentido. As imagens peguei emprestadas no Google mesmo. Espero que gostem.
Acho que esse começo todo mundo lembra da época do colégio: o interior do Planeta Terra pode ser dividido entre núcleo (a parte mais interna de altíssimas temperaturas), manto (região intermediária composta por magma) e crosta (parte mais externa e por isso mais fria e bem fina se comparada às demais).
É a Crosta que fica em contato direto com o ar e a água e é nela que ficam os oceanos, continentes, ilhas...
Eu sei que deve ser difícil imaginar o quão fina e de certa forma delicada ela é mas essa visualização é importante pra que a gente possa entender como acontece todo o resto.
Acho que uma associação tosca mas válida da estrutura da Terra pode ser feita lembrando da estrutura de um ovo de galinha. Se definirmos que a gema é equivalente ao núcleo, a clara, ao o manto e a casca, a crosta, já dá pra ter uma ideia das diferenças de proporção entre uma coisa e outra. Do mesmo jeito que a casca do ovo é bem fina se comparada ao resto de sua massa, a crosta de Terra também pode ser uma estrutura frágil se comparada a todo o resto de sua massa e ao poder que ela tem de se movimentar.

Costumamos dizer que o planeta é vivo, pois ele se movimenta independente de nossa vontade e por isso está em mutação constante. Exemplo disso são as massas de ar, ondas do oceano, dunas de areia, ciclo da maré e claro, como essa movimentação acontece também em seu interior, terremotos.
O movimento de convecção está presente em nossas vidas constantemente mesmo que não percebamos. Quando se tem uma região mais quente e outra mais fria aquilo que está entre uma coisa em outra tende a se movimentar buscando o equilíbrio, e quando a coisa não se reconfigura isso pode continuar indefinidamente.
Oi? Calma que eu explico!
Imagina o ar condicionado do quarto da gente. Porque que ele deve sempre ficar no alto? Porque o ar frio é pesado e desce, correto? Mas e o ar quente que já estava no chão, vai pra onde? O ar quente é leve, então quando o ar frio desce ele expulsa o quente para o alto e essa movimentação entre ares vai continuar até que o aparelho seja desligado.
A mesma coisa acontece dentro da geladeira, do forno, de uma panela com água para ferver. Acontece também na atmosfera, quando a gente vê no jornal a moça do tempo dizer ”uma massa de ar frio/quente está chegando”, pra onde foi a que estava ali antes? Os movimentos são cíclicos e constantes.
E claro, acontece no interior da Terra, com o núcleo irradiando calor e a crosta estando mais fria, aquilo que está no meio, o manto se movimenta.
Até aí tudo certo... Mas o que é que tenho eu a ver com tudo isso?
O problema é que a crosta por ser tão fina e frágil tem rachaduras, sendo na verdade composta por vários pedaços independentes chamados de Placas Tectônicas. Então, quando o movimento de convecção acontece, é como se as partes da casca de ovo, as Placas, “dançassem” sobre o manto, uma querendo ir para cada lado. E quando esse movimento acontece, por algum motivo, de forma mais brusca ou quando as partes das Placas Tectônicas estão querendo se acomodar melhor, acontece o terremoto.

Acho que a imagem é auto explicativa mas vale ressaltar que tudo aquilo que fica no interior de uma Placa tende a ter mais estabilidade, diminuindo drasticamente a probabilidade de terremotos. Por outro lado, tudo o que fica nos extremos tende a sentir mais essa movimentação porque é lá onde a ação realmente acontece. Portanto, a localização de um país dentro de sua Placa pode ser determinante para a incidência de abalos sísmicos naquele local.
Basta observar a localização do Brasil em sua Placa, a Sul-Americana, como o nosso país fica em uma região central, a probabilidade de sentirmos um Terremoto por esse motivo é bem baixa, em compensação os nossos vizinhos chilenos já passaram por maus bocados incluindo o risco mais recente de erupção vulcânica no ano passado.
Observem também a posição do Canadá e dos Estados Unidos em sua Placa Norte-Americana, depois de tudo que já falei não é muito difícil tirar algumas conclusões, né?

Acho importante falar também sobre a intensidade e frequência dos Terremotos.
Já vimos que dependendo da posição de um determinado local em sua Placa também vamos acabar observando fenômenos sísmicos com mais incidência. O maior exemplo de tudo isso é o caso do Japão. O Japão é um ilha vulcânica e que pela constante liberação de lava em sua região está sempre em crescimento. Claro que não vai ganhar quilômetros de extensão da noite para o dia, pelo menos não tem sido esse o padrão, tá mais para milímetros ou centímetros por ano. Mas o fato é que é uma região completamente instável que sofre com terremotos diariamente.
Então porque é que a gente não vê uma tragédia atrás da outra lá?
Anos e anos de experiência e muita tecnologia. A engenharia foi desenvolvida para reforçar as estruturas dos prédios, instalando verdadeiros macacos hidráulicos e mega molas em suas bases para compensar as oscilações que sofrem constantemente, ensinar a população como agir e o que fazer ou não fazer dentro de uma situação dessas, dentro de casa, dos escritórios das escolas. Por ser um fenômeno tão comum lá, as coisas já são construídas pensando em sua resistência para aquilo.
E toda essa preparação era exatamente o que não se tinha no Haiti em 2010.

A Escala Richter é a escala responsável por medir a intensidade dos terremotos. Ela vai e zero à dez, da forma mais óbvia possível, sendo 10 o grau máximo de destruição.
Eu encontrei uma tabela no Wikipedia que exemplifica o que pode acontecer dependendo da intensidade de cada registro, achei ela coerente. Daí estou colocando aqui também.


Ah! Vale dizer também que a intensidade vai variar de acordo com a profundidade do epicentro (mais conhecido como centro do tremor).

É claro que o estrago vai depender do local onde tudo acontecer, um terremoto de escala 7 no Japão gera consequências bem diferentes do que das que foram vistas no Haiti, onde a maior parte da população é subnutrida, sem instrução necessária, e definitivamente sem infraestrutura para administrar um caos tão grande quanto o que foi visto e que infelizmente prossegue até hoje. Diversos prédios desabaram, e o número de mortes passou dos milhares.

Bom agora vamos pra parte que no interessa, Canadá.
Tanto o Canadá quanto os Estados Unidos são países que tem sua extensão na horizontal, por isso ao mesmo tempo que a parte oeste do país está bem na divisa da placa, a parte leste fica no centro, já não tendo tanto o que se preocupar...
Na região de divisa de placa a gente já viu porque acontecem os terremotos: são áreas de instabilidade que estão em movimento. O que significa que terremotos ali são esperados, e a preocupação deve ser em preparar a cidade e se preparar para quando acontecerem.
Mas se serve de consolo, o Estados Unidos ainda estão um pouco pior nessa situação, visto que a Califórnia fica no outro extremo da outra placa, ou seja, cedo ou tarde haverá um grande terremoto e os cientistas especulam de a cidade de Los Angeles não vai resistir a magnitude... Ta bom pra tu?
A grande questão aí é explicar porque ocorrem também abalos no extremo leste do Canadá. E a resposta é: ninguém sabe ao certo. Frustrante, né? Pra não dizer coisa pior.
Talvez pelo mesmo motivo que desencadeou o abalo de São Paulo em 2008 de 5,2 na Escala ou quem sabe pelo mesma razão que vez por outra tem terremoto de baixa magnitude em Caruaru, no interior de Pernambuco.
Mas espera aí! E aquela conversa toda de que o Brasil fica em centro de Placa e por isso não tem terremoto, onde foi parar?! E isso também não se aplicaria ao Canadá?
Pois é meus amigos, mistérios da natureza...
Especula-se que seja acomodação de terra, reflexos terremotos ao redor ou mesmo micro placas (sim elas também existem) ou falhas se acomodando.

Nessa história toda o mais complicado é que, ao contrário de outros fenômenos, eles não podem ser previstos e não existe atualmente nenhum tipo de tecnologia que seja capaz de dizer quando estará vindo algum. É claro que a natureza dá algumas pistas como animais ficando mais arredios, bichos que vivem em tocas geralmente saem à superfície, mas nada que seja mais eficiente.

Bom, é isso. Espero que de alguma forma tenha ajudado a entender como tudo isso acontece!
Até a próxima,

Tereza

PS: Ah, se tiver alguém interessado baixei um aplicativo que se chama QuakeWatch, custou 0,99 centavos de Dolar mas eu achei bem legal. Ele atualiza com informações dos últimos terremotos o tempo todos. A gente se surpreende com quanta coisa tem espalhado pelo mundo a fora e nem percebe. Achei legal...

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